A tarde de domingo (16), não foi das mais tranquilas, como o site euclidesdacunha.com costuma noticiar em seu resumo dominical na página Euclides Acontece, quando os nossos internautas ficam informados sobre o tempo e movimento da cidade, atendimento emergencial no hospital municipal, plantão de polícia na 1ª DT e na central de policia do 5º BPM.
Neste domingo, por pouco não tivemos que noticiar um fato lamentável que poderia entrar para a história do Município, como tragédia, com repercussão negativa em todos os canais de mídia nacional e internacional, certamente.
Tudo começou na madrugada do último sábado (15), por volta das três horas, quando um membro da comunidade indígena Kaimbé de Massacará, assassinou a golpe de marreta uma criança de dois anos de idade, feriu gravemente três irmãos, o pai e a mãe. Esta, grávida de quatro meses. Uma criança dessas crianças se encontra internada no hospital municipal de Euclides da Cunha, cujo estado é menos delicado que o dos pais e das duas irmãs, gravemente feridos e internados no HGE (Hospital Geral do Estado) e no Hospital do Subúrbio, em Salvador, para onde foram socorridos com fraturas cranianas.
Edson Santos Silva foi encaminhado para a 1ª Delegacia Territorial de Euclides da Cunha e apresentado à autoridade de plantão que lavrou as circunstâncias da prisão em flagrante e determinou o recolhimento do acusado ao xadrez da carceragem da 1ª DT, onde o mesmo confessou a autoria dos crimes.
Até o início da tarde deste domingo, 16, tudo parecia normal na Delegacia de Polícia Civil de Euclides da Cunha, como sempre acontecera com os demais casos de prisões e detenções, entre outros fatos, em que a Polícia Civil faz interrogatórios aos acusados, vítimas, testemunhas, etc., para dar continuidade ou conclusão a processos de investigação e seguida encaminhá-los à Justiça.
Mas durante o período da tarde e noite não havia mais tranquilidade no Complexo de Policial Civil de Euclides da Cunha, pois por volta das 16h15 um grupo de aproximadamente 100 índios da aldeia Kaimbé/Massacará iniciou a tentativa de invadir o CPC para retirar Edinho e possivelmente fazer “Justiça” com as próprias mãos. Segundo informações colhidas, os índios obtiveram uma informação de que Edinho seria solto – um dos móvitos da revolta indígena - nesta segunda-feira. Essa informação foi/é falsa, conforme assegurou a Polícia.
A partir desse momento houve muita tensão entre os índios e a polícia que bloqueou o acesso à Delegacia na tentativa de preservar a vida dos presos, incluindo o assassino-confesso.
Ao que parecia os índios estavam extremamente decididos a só retornar a comunidade de Massacará após conseguirem remover Edinho da carceragem da 1ª DT, pois os mesmos haviam acabado de sepultar o corpo de João Vitor Pereira, 2 nos, vítima fatal da ação violenta do referido acusado.
Com mais de uma hora do movimento os índios ainda estavam muito furiosos e protestavam de forma pacífica mediante o diálogo estabelecido pelo Ten. Cel. PM Josenilton da Hora – comandante do 5º BPM/Euclides da Cunha, Paulo Jason Falcão – delegado titular da 1ª DT da 25ª Coorpin/Euclides da Cunha - e Marcos Vinícius – delegado de Polícia Civil da cidade de Nova Soure/BA.
Insistentemente, as autoridades explicaram que não podiam e não havia a possibilidade de liberar o preso naquela circunstância – tendo em vista toda a Ordem Judicial, nem permitir que os índios invadissem a unidade de segurança pública. Alguns compreendiam as colocações dos delegados e do coronel. Mas outros não queriam esperar pela Justiça; queriam fazer “Justiça” de outra maneira, e por volta das 17h30 um grupo de índios se deslocou até o meio da pista de rolamento da BR 116/Norte e interdito o trânsito nos dois sentidos, enquanto outros buscavam meios para invadir as unidades de segurança pública (CPC e 5º BPM) na tentativa de conseguir retirar Edinho do xadrez.
Com a primeira barreira humana formada na pista os veículos conseguiam desviar do bloqueio e conseguiam seguir viagem tranquilamente.
Ainda indignados, minutos depois, com ajuda de alguns não-índios, os protestantes montaram outra barreira, desta vez usando pneus e pedaços de madeira e atearam fogo mantendo a rodovia federal interditada e com filas de caminhões, na proximidade do CPC.
Os pneus queimados foram retirados debaixo de um pé de mangueira, onde estavam abandonados, e foram usados para manter a chama acesa, até o momento da chegada dos índios da tribo Tuxá, do município de Banzaê.
Com a soma desses íncolas (cerca de 200 ao total) a situação ficou tensa entre índios e polícia, inclusive, houve a necessidade de a polícia rechaçar à bomba e spray de pimenta tentativa de invasão ao complexo policial civil de Euclides da Cunha.
A reação policial se deu por volta das 19h30, depois que um grupo de índios mais exaltados liderados por um indígena da aldeia Tuxá de Banzaê, que não teve o nome revelado, tentou invadir a qualquer custo o CPC atirando pedras contra os policiais que faziam a barreira de proteção à unidade policial. Um tiro (somente um disparo e não vários como alguns comentam) foi disparado para o alto, para dispersar a multidão.
Houve grande correria dos índios e de pessoas curiosas que se encontravam no local, e muitos vândalos da cidade se aproveitaram da ocasião para arremessar pedras contra os policias, carros, caminhões que passavam pelo local em direção à cidade de Tucano e a unidade de segurança. Enquanto isso, do outro lado da pista, uma grande quantidade de pessoas, inclusive com crianças menores, assistia tudo, como se fosse algo plausível, apesar da tensão.
Desse momento em diante o policiamento já estava sendo reforçado com guarnições da Polícia CIPE/Caatinga e dos pelotões da PM das cidades de Monte Santo e Tucano. Com isso, a frente do CPC ficou vazia.
Durante a investida policial para evitar a invasão dois policiais ficaram levemente feridos e foram levados para o Hospital Municipal ACM, em Euclides da Cunha, para atendimento médico, onde também foi medicada uma pessoa que desmaiou no momento da correria.
Por volta das 21h, após terem sido rechaçados à bomba de gás lacrimogênio e spray de pimenta pelas forças policiais que deram proteção ao Complexo Policial Civil de Euclides da Cunha, indígenas Kaimbé, desistiram da tentativa de invasão e a maioria se retirou do local, inclusive o cacique Flávio que, usando de bom senso, tentou demover os mais afoitos que queriam, a qualquer custo, invadir o CPC e resgatar o assassino.
Às 22h30 a equipe de reportagem do site euclidesdacunha.com retornou ao local e observou que todos os índios e as pessoas curiosas já haviam se retirado da proximidade do CPC que ficou com as marcas do vandalismo, tendo vários carros, vidros e telhado do CPC depredados. Às 23h o trânsito ainda fluía com dificuldades nos dois sentidos.
Nesta segunda-feira, 17, na 1ª DT de Euclides da Cunha, o dia foi para contabilizar os prejuízos materiais e inícios dos serviços para reparar os danos causados pelos vândalos.
Segundo Informações colhidas, o assassino-confesso foi transferido para a carceragem da Delegacia de Polícia de uma cidade não revelada.